quinta-feira, 6 de agosto de 2015

SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO

Olá! Essa semana, de 01 a 08 de agosto é a Semana Mundial de Aleitamento Materno - SMAM 2015.

Por aqui Enrico foi amamentado por 1 ano e 4 meses, e foi ele quem me desmamou, ele já estava na escola desde 11 meses e eu trabalhava o dia todo, portanto nossas mamadas ficaram muito espaçadas e ele me trocou pela mamadeira que o pediatra da época me orientou a dar, mãe de primeira viagem, sem tanta informação e sem rede de apoio, ele desmamou...

Já com Alice, mãe de segunda viagem, ela está com 10 meses e continuamos o Aleitamento Materno em Livre demanda, e nunca teve contato com mamadeira e nem com leite artificial e assim vamos seguir!!!

O tema da SMAM 2015 foi sobre amamentar e trabalhar, seguindo o tema venho hoje deixar aqui um relato de amamentação + retorno ao trabalho da querida amiga Erika Domingues, companheira de ativismo! Gratidão por compartilhar e me autorizar a publicar, Erika!

Amamentação Exclusiva com retorno ao trabalho aos 5 meses do bebê!
Por: Erika Domingues


Amamentar é difícil, cansativo. Quando errada, a pega machuca, mas é o melhor que podemos oferecer.

Eu sou mãe de Lucas, com 3 anos e 10 meses, quando nasceu Marina, através do meu VBA1C.

Em 2010, no mês de outubro, nasceu de uma cesárea, o Lucas. Eu não reagi muito bem à cirurgia. Não de forma física, mas psicológica. O retorno do hospital para casa foi um momento de medos e angústias, e a amamentação foi um capitulo extremamente dolorido.

Eu demorei a ter leite. Ofereceram leite artificial para meu filho no hospital, em função disso. As nossas primeiras noites foram terríveis, eu sem saber o que fazer com aquele bebê que chorava muito. Na primeira noite, dormi sentada com o meu dedo na boca dele, tamanha era a necessidade de sucção. Eu começava ali um longo caminho de dor.

Eu nunca havia lido, conversado ou mesmo estudado sobre amamentação. Achava ser algo natural e lindo, pura poesia! Ledo engano.

A pega estava errada, meu peito abriu e ficou em carne viva. Eu usava conchas de amamentação, vazava leite o tempo inteiro. Tudo que mandavam, eu fazia. Doía demais amamentar e eu amamentava de três em três horas porque, na época, achava que criança tinha relógio interno.

Nas consultas de retorno ao pediatra e à obstetra para ver cicatrização, ambos me aconselharam ir ao banco de leite. Fomos os três: eu, meu marido e nosso pequeno. Lá, descobri que me ensinaram muitas coisas erradas e que o que faltava fazer parecia simples. Meu marido prestou muita atenção porque sabia que eu estava esgotada, sem conseguir dormir por mais de duas horas seguidas meu marido foi essencial para conseguir fazer o que me ensinaram no banco de leite.

Conseguimos! Mas com 5 meses, o meu pequeno perdeu peso e mandaram complementar com leite artificial. Eu introduzi a mamadeira e, nessa altura, voltaria a trabalhar em horário integral. Longe, e sem sala para fazer ordenha. Então, o leite artificial foi substituindo o materno até que, com 9 meses, ele não quis mais. Eu sofri com essa recusa. Tentei por muito tempo, mas ele não queria. Todos falavam que estava bom, "não insiste porque ele depois não larga".

Minha nova gravidez encontrou uma mulher mais bem informada e totalmente modificada pela maternidade do primeiro filho.

Briguei pelo parto e sabia que brigaria pela amamentação. Estudei, fiz cursos, troquei informações e as repassei para minha mãe - que fica com meus filhos enquanto trabalho. Li em grupos, que as avós e cuidadoras familiares são o maior risco de desmame precoce. Foi um trabalho homeopático, de grão em grão, que deu certo.

Não tive nenhum percalço na amamentação da mais nova: continuei com muito leite, doei para o banco de leite. O desmame precoce do mais velho ajudou na defesa de não usar bicos artificiais e proibir a compra de mamadeiras.

Dediquei-me a muita leitura e comprei diversos copos de treinamento antes do retorno ao trabalho.  Retornar ao trabalho quando seu filho tem pouco tempo é extremamente cansativo, fisicamente e psicologicamente. Eu sou arquiteta, minha profissão requer tempo para reuniões com clientes, horas que não estavam no planejamento de dedicação para projetos. E eu trabalho de segunda-feira a sábado.

Voltei a trabalhar. Tinha estocado da forma correta, ela tinha 5 meses. Não imaginei que o estoque acabaria rápido. As primeiras tentativas foram difíceis e muito leite se perdia, foi uma semana de muito tumulto emocional. Na empresa, já aguardavam a minha volta com trabalhos que só eu poderia fazer. Eu ficava tensa, e ligava para saber se tinha dado certo a introdução do copo. E minha mãe tensa, com receio de a bebe passar fome. Foi uma semana difícil, na qual se não houvesse a certeza das decisões tomadas, teríamos as três desistido!

Ordenhava antes de dormir e, na hora do almoço oferecia um seio, e o outro eu ordenhava. Amamentava em livre demanda e, confesso, foi uma fase extremamente cansativa. Não conseguia me concentrar no trabalho. Os seios enchiam e me machucavam. Tinha horas que pensava se ia dar conta daquela loucura toda… Até porque o meu mais velho morre de ciúmes dela mamar e tudo isso me consumia demais psicologicamente.


Mas a insistência deu certo, minha filha mamou 6 meses exclusivamente. Vai fazer um ano em agosto e até hoje nunca usou bicos artificias ou ingeriu outro leite. Isso me enche de orgulho! Foi uma vitória conseguida a três – eu, minha mãe e minha filha.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Plano de Parto

   Umas das funções da Doula é auxiliar a gestante a escrever seu plano de parto... e vc sabe o que é plano de parto? 
   Plano de parto é uma "espécie" de carta, onde a gestante escreve como ela quer o parto dela e como ela quer que seu bebê seja recebido, por exemplo, ela pode escrever que deseja a presença do companheiro, a presença da doula, músicas, luzes baixas, aromas, que aceita massagens, compressas, chuveiro, que não aceita episiotomia, etc. Com relação ao bebê, deseja que o cordão seja clampeado somente quando parar de pulsar, que não aceita o uso do colírio de nitrato de prata, que deseja que o bebê seja colocado em contato pele a pele ao nascer, etc. 
   O ministério da saúde incentiva que as gestantes escrevam o plano de parto, infelizmente ainda existem alguns hospitais que não respeitam/seguem o plano de parto, mas ainda assim ele deve ser incentivado, pois ao escrever a gestante pode esclarecer dúvidas das práticas obstétricas com a equipe, pode se questionar e refletir sobre que tipo de parto ela quer realmente e empoderar-se ainda mais. 
   Infelizmente durante um trabalho de parto podem acontecer coisas diferentes das quais planejamos, por isso é importante ter um plano A, B e até mesmo C, de cesárea, caso ela seja necessária intraparto, o que pode acontecer, o plano de parto também nos ajuda a estar um pouco mais "preparadas" para tal situação, já que teremos de refletir sobre ela também. Por exemplo, Plano A: Parto domiciliar (descrever como gostaria que fosse), plano B: Parto normal hospitalar (caso seja necessária a transferência) e Plano C: Cesárea (caso essa seja necessária intraparto). Lembrando que isso foi apenas um exemplo.
   Espero ter auxiliado um pouco sobre o que é um plano de parto e para exemplificar ainda mais deixarei o meu plano de parto, da minha segunda gestação (não fiz na primeira, já que foi um desnecesárea, como contado aqui). Segue meu plano de parto:


PLANO DE PARTO

É difícil fazer um plano de parto domiciliar, pois já partimos da idéia que em casa já é 100% humanizado e natural.
Gostaria de liberdade de movimento e aceito sugestões de movimentos durante todo o trabalho de parto, inclusive me lembrem de me movimentar caso eu queira ficar parada, lembrem-me o quão mais rápido é o parto quando nos movimentamos, se eu reclamar que dói mais, lembrem-me que dói um pouco mais pois facilita mais a passagem do bebê, abre o caminho para ele.
Lembrem-me de respirar pela vulva, caso eu esqueça e movimentar muito o quadril.
Pode ter música, não sei se me lembrarei, pode ter velas (estão na segunda gaveta da cozinha ao lado do forno), aceito compressas, aceito massagens, aceito reiki, aceito acupuntura, aceito ducha, aceito sugestões.
Se em algum momento eu passar pelo momento da covardia, lembrem-me que estou realizando o meu sonho e que não existem grande transformações sem dores, que essas dores não são por sofrimento e sim pela vida, pela vida de minha bebê Alice, pra ajudá-la a nascer, lembrem-me que meu corpo foi feito pra isso, que eu sei parir e Alice sabe nascer e trabalhando juntas faremos isso de forma tranquila e conseguiremos.
Gostaria de estar na banheira no período expulsivo e gostaria de tentar pegá-la.
Gostaria de ficar na banqueta de cócoras até a dequitação da placenta com auxílio da amamentação, e gostaria que o cordão fosse cortado pelo pai após a dequitação, a menos que seja necessário cortar antes, mas gostaria ao menos de esperá-lo parar de pulsar e que o Cezar corte ou cortemos juntos.
Não tenho objeção quanto à administração de ocitocina como profilaxia de hemorragia, preferia não fazer, mas se for preciso, não me oponho.







Se eu precisar ser transferida com calma meu plano B é o Dr. Gilberto Mello na Casa de Saúde, com a presença do Cezar e uma de vocês, e quero tentar tudo o que puder para que seja ao menos um parto normal, antes de cirurgia cesariana, se for transferência urgente o plano C é Irmã Dulce (já imprimi a lei do acompanhante e peitarei quem precisar para que ela seja cumprida) e gostaria que o Cezar entrasse a menos que só permitam mulheres.
Confio plenamente em vocês e minha fé é muito grande, sei que nada disso será necessário, será um parto tranquilo e domiciliar! Amo vocês! Obrigada por tudo! Sempre!






Ellen

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Alguém perguntou se você teve um bom dia?

Claro que não! Afinal, está nitidamente subentendido que você só tem dias bons!
Você é mãe de dois filhos lindos, tem casa, comida, ajuda com a casa duas vezes na semana, do que você vai reclamar? Que direitos tem de reclamar?
Você acredita que "errou"bastante e ainda "erra" na criação de seu filho mais velho, mas sabe que deu  o que podia,  fez o seu melhor e descobriu uma nova visão de criar sua filha mais nova e esforça-se a cada segundo para colocar em prática com seu mais velho também, você tenta criá-los com apego, com disciplina positiva, comunicação não violenta, não é fácil ainda mais quando se tem raízes inversas, você foi educada com gritos e palmadas, e ainda assim você faz o seu melhor!
De quanto em quanto tempo você amamenta sua mais nova que completará 6 meses daqui a quatro dias? Ora! Eu sei lá! É livre demanda! Ela fez sinais que quer mamar, eu entendi esses sinais como sinais de que ela quer mamar, eu a amamento e pronto! Simples assim! Não sei quanto tempo dura cada mamada e nem de quanto em quanto tempo ela mama. Prefiro assim! Sigo evidências e principalmente meu instinto materno.
Mas voltando ao assunto... Tudo isso é fácil? Não! Demanda tempo e paciência. Muita paciência.
Você se cobra, quem está próximo te cobra. É algo estranho, por mais que você decida desencanar dessa cobrança, você a sente e ela te influencia. Afinal é fácil, simples, ser mãe de dois, cuidar da casa, ser esposa e ser mulher. Existe o que o companheiro quer, o que os filhos querem, o que você quer e o que você realmente consegue fazer. Então é simples, #sóquenão!




E tem dias que o bicho pega! Pega o pico de desenvolvimento da mais nova, pega o ciúme do mais velho além dele estar passando pela fase de descobrir-se alguém "totalmente independente" das emoções e da personalidade de pai e de mãe e descobrir que ele tem personalidade própria, que tem emoções, pega a carência do companheiro e pega sua própria carência. É carência de você para com você mesma, carência da pessoa, da mulher que você era principalmente antes dos filhos. Pois o que você faz? Coloca o desejo de todos antes dos seus, exatamente nessa ordem: filha mais nova, filho mais velho, companheiro e por fim mas não menos importante está você.
Você, sim você, que deveria ser a mais importante, afinal como você pode dar algo a alguém se você não tem? Esteja bem, cuide-se para que aí sim você possa cuidar do outro.
Mas como? A filha mais nova é totalmente dependente de você. O filho ainda depende de você para muitas coisas. O companheiro te quer, sente sua falta, reclama sua ausência mas dificilmente consegue ser empático e você também reclama sua ausência... você sente falta de um banho demorado, relaxante, de ir ao banheiro sem alguém te chamando, alguém chorando e muito menos ali no banheiro te olhando...sente falta de quando sua coluna não doía, de quando se sentia bem disposta...pois é, bem vinda ao puerpério...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Relato de parto: VBAC Domiciliar



Meu relato, não é apenas um relato... talvez seja um duplo relato! Apesar de que ninguém faz relato de cesárea, ainda mais desnecessária, mas não vejo outra maneira de relatar meu tão sonhado VBAC sem falar da letra C... ou melhor, D... Desnecesárea...

Sempre quis ser mãe, sempre quis ter um parto normal, mas para mim, há quatro anos atrás (2010), quando engravidei do meu primeiro filho, Enrico, bastava apenas querer ter um parto normal para consegui-lo. Engano meu...
Eu tinha x G.O. desde os 17 anos e quando engravidei, aos 25 anos (ele nasceu eu tinha 26, só por curiosidade!rs) comecei meu pré-natal com essx mesmx G.O.. Já nas primeiras consultas eu disse que queria um parto normal, ingênua e desinformada, numa conversa perguntei se estava tudo bem pois queria parto normal e se era possível, óbvio que a resposta foi: “Por enquanto sim, mas vamos ver mais pra frente...”  Mais pra frente eu tive dengue (detalhe: elx nunca me deu o celular delx), liguei no consultório e não consegui falar com elx (talvez por opção delx), fui no PS da Casa de Saúde e ali me enjuriei, pensei: “Poxa, se eu tive dengue (algo grave) e elx não deu a mínima, vou mudar de médicx!” Daí corre procurar no livrinho do convênio outrx  médicx, achei x com sobrenome dx mx prof.x da faculdade, vou nessx aí! (outro detalhe: achei que a secretária dx primeirx médicx fosse ligar pra saber pq não voltei, afinal fui paciente delx quase 10 anos...hahaha só eu mesma,viu...) 
Mudei prx tal médicx, adorei! Já na primeira consulta me passou o tel da casa, o celular, e-mail enfim, tudo! Perguntei sobre o parto e a resposta foi: “Claro que pode tentar normal, sou super a favor, sempre fui vaginalista”. Taí, vaginalista, outra coisa que na época não me chamou atenção, hoje chamaria... isso é conversa pra outro dia... Pré-natal legal, tudo normal, até que em determinado momento no terceiro trimestre comecei a apresentar hipertensão (pressão alta), com histórico de hipertensão familiar, fiquei preocupada, x médicx também, mesmo monitorando em casa e sabendo que ela só subia nos dias da consulta (emoção pura!) até remédio para controlar a pressão eu tomei... Hoje sei que foi puramente emocional, minha pressão sempre foi baixa, e depois do nascimento do Enrico voltou a ser... Até que veio a bomba master, eu estava ainda no convênio empresarial da minha mãe que cobria até 24 anos se estivesse estudando -Ok!, me formei, fiz 24, 25 e nada de me cortarem do convênio, fui usando e tudo certo até que veio a bomba: uma carta do convênio dizendo que eu poderia utilizá-lo até 30 de setembro e minha DPP era 08/10/2010, chorei muito quando minha mãe me mostrou a tal carta, meu mundo havia desabado. Junto com a carta vieram os comentários da própria família: “Se tiver que fazer cesárea, qual o problema?”, “Hoje em dia todo mundo faz...” e eu questionava, como assim alguém marca a data do nascimento do filho? Isso tudo pra mim era surreal, eu falava que se tivesse que ser cesárea-ok mas eu não ia marcar e sempre tinha a história da fulana que marcou e deu tudo certo, porque com a medicina moderna é assim e blá blá blá... Chorei, xinguei, esbravejei mas a culpa era de quem? Minha mesmo, né, por que raios não fui atrás de fazer uma p.... de convênio para mim... Na consulta seguinte conversamos com x médicx que teve a brilhante idéia: “Como você já tem um dedinho de dilatação pode ser que você nem apareça aqui semana que vem mas se aparecer traga o US que no sábado dia 25/09/10 nós faremos uma indução, porque se você ou o bebê precisarem de UTI você ainda tem mais cinco dias pra ficar internada lá e usar o convênio”... Já contei que trabalhei em UTI neonatal? Pois é... Era melhor contar com o convênio mesmo, né, coisas terríveis podem acontecer no parto e se precisar de uti, ai meu Deus!!! Conheço as UTI’s daqui é melhor estar com o convênio... Passada a semana, levei o US e veio a notícia, sábado de manhã você vai pra Benê que já deixo avisado que é pra fazer a indução.Naquela época, naquela situação eu acreditei de verdade que iríamos induzir e meu filho nasceria de parto normal, imaginava que ia doer pra caramba mas eu queria isso, eu queria essa dor, parto normal para mim era parto Frankstein (eu não tinha conhecimento de violência obstétrica), era parto com ocitocina sintética, episio, kristeller e os cambau... E eu estava preparada pra isso, eu queria isso, eu queria qualquer coisa menos a cesárea... E na sexta que antecedia a indução, caminhei, agachei, faxinei, namorei e no sábado de manhã dia 25/09/10 namorei denovo e nada de entrar em trabalho de parto, sendo assim, lá fui eu pra Beneficência Portuguesa de Santos, achando que faria uma indução iria sentir dores fortes mas logo estaria com meu filho nos braços, sinceramente em momento algum passou pela minha cabeça que talvez eu tivesse que fazer uma cesárea, pasmem, como eu era tonta!

Cheguei no hospital, aquela demora pra ser atendida, até o plantonista me examinou, me identificou como paciente dx médicx fulanx de tal e aí fui para o quarto onde me pediram pra colocar aquela roupinha azul “fashion” que mostra a bunda, sabe? e me colocaram a ocitocina sintética, fiquei no “sorinho” entre 4 e 5 horas, não me fez nem cócegas, por duas vezes x médicx fez toque e eles eram bem doídos (porque será, né?, talvez descolamento de membranas, talvez redução do colo, não sei, nada foi mencionado, só sei dizer que doía), no segundo exame cheguei e mentir que estava com uma leve cólica pra tentar mais um pouco, mas não rolou, me lembro exatamente da frase que elx me disse: “Olha bonequinha, não tem dilatação, você não está dilatando nada, desse jeito você vai passar a noite toda aí e seu bebê não vai nascer, daí ele pode entrar em sofrimento e vai ser muito pior, então pode levantar e vamos pro centro cirúrgico que vai ter que ser cesárea”... (Pausa para o choro... só de lembrar dói e muito!) Fui pro centro cirúrgico abraçada com uma colega téc. de enfermagem (como eu havia trabalhado lá, conhecia todos que estavam de plantão) que tentava que me acalmar e eu chorava e as pernas estavam moles, enquanto meu marido Cezar se trocava para acompanhar a cirurgia... Lembro de olhar no monitor e ver que minha pressão estava bem alta, fui anestesiada e deitada... Pedi ao Cezar pra me avisar quando fossem me cortar que eu estava com medo, ele olhou e disse que já haviam me cortado, ele foi chamado pra ver a extração do meu filho do meu ventre (às 17:25h) e eu não vi, não senti, não reconheci... (Pausa para o choro novamente...)




Enrico não chorou vigorosamente, percebi um engasgo em seu choro, ainda sem o ver, ele foi levado pra uma sala ao lado, aspirado e aí voltaram com ele e me mostraram, foi desesperador, o pediatra ainda brincou que precisavam de uma fisio pra aspirar (que horror, só de pensar em cada bebezinho que eu aspirei na UTI me dói!), eu não estava amarrada mas estava com os braços abertos naquela maca, eu não sabia se podia pegá-lo ou não, se ele era meu mesmo... só o que fiz foi passar o rosto no rosto dele, eu estava meio grogue... Levaram-no pra longe de mim, pro berçário e eu fiquei me recuperando da anestesia, sabe onde? Num cantinho no corredor... com frio, grogue e sozinha... Me mandaram descansar, que quando eu conseguisse mexer as pernas eu iria pro quarto, mas eu só lembrava do filme Kill Bill, quando ela está dentro do carro mandando comandos verbais pro dedão do pé mexer, eu fazia exatamente a mesma coisa, afinal eu queria pegar meu filho!!! Quando finalmente mexi as pernas eles me levaram pro canto do corredor atrás da porta de vidro, pois eu tinha que conseguir erguer o quadril (puta merda, não era só mexer as pernas?!?!) meu marido e meu pai falaram comigo pelo canto da porta mas as enfermeiras pediram pra eles me deixarem descansar e pra eu parar de fazer esforço e tentar dormir pois depois não ia mais ter essa chance com um RN em casa... Que dormir o que?! Fiquei tentando erguer o quadril, vomitei, mas ergui o quadril, antes de me levarem pro quarto, apertaram minha barriga pra sair mais sangue antes de me trocarem de maca, vi estrelas... Fui pro quarto, pedi meu filho, levaram e aí começou o meu babyblues... Eu não conseguia reconhecê-lo como meu pois não tinha sentido ele sair de mim, não tinha visto ele sair de mim, eu me perguntava em silêncio: será que ele é meu mesmo? E todos muito felizes, eu estava feliz de ter meu filho nos braços, bem, porém cheia de caraminholas na cabeça, e eu assumo sim e falo abertamente da minha dificuldade de reconhecimento, foi muito duro, difícil pra mim e quando eu tentava conversar sobre isso com alguém sempre me cortavam dizendo que o que importava é que estávamos bem, que o bebê estava bem e ponto. Lembro da visita dos amigos e um casal muito querido que me marcou muito, foi a visita do Márcio e da Lilian, ele me perguntou: Mas e aí, o que aconteceu? Estourou a bolsa e vocês vieram pra cá? Eu e o Cezar respondemos em uníssono: Não, foi cesárea! O Cezar começou a explicar pro Márcio e eu comecei a chorar e a Lilian só me olhou e chorou comigo. Talvez ela não se lembre, ou não tenha entendido o porque eu chorava, mas lendo agora vai saber... Eu chorava (pausa novamente) porque tinha sido cesárea, chorava porque não tinha certeza se o filho era meu, só tinha certeza porque ele era o único menino naquele dia, chorava porque não tinha sentido ele sair, chorava porque não tinha doído, chorava por que doía na minha alma naquele momento, chorava porque não o reconhecia, eu só chorava... 
Depois que ele nasceu, decidiu tentar entender mais sobre parto normal, pesquisar mesmo, coisa que eu devia ter feito muito antes, mas enfim, cada um tem o seu tempo... Comecei minha especialização em Acupuntura, descobri os cursos de Doula e Educadora Perinatal e decidi fazer, fiz e me apaixonei! Estava decidida a ajudar mulheres a “sair da matrix”!
Os anos foram passando, minha vontade de ter mais um filho aumentando, às vezes mais por querer um parto normal do que realmente mais um filho, uma frase da Andréa no filme O Renascimento do Parto  me marcou muito, pois era justamente o que eu pensava: Não posso passar por essa vida sem ter essa experiência!!! Os anos passando e eu com aquela cesárea entalada, até que certa vez voltando de viagem com meu marido decidi chorar minha cesárea pra ele, que naquele dia ouviu minha história toda! Foi um alívio! Estava decida a ter um parto natural hospitalar, eu tinha um pouco de medo, talvez por falta de conhecimento sobre partos domiciliares... Fui conhecendo, fui atuando como doula em partos domiciliares, e decidi que era aquilo que eu queria. 
Em 2013 decidimos engravidar novamente. Dessa vez como doula, ativista, estava certa de que nada atrapalharia meu tão sonhado parto domiciliar. Quando me formei Doula pedi indicação de quem procurar na Baixada Santista, me disseram que x tal médicx não era humanizada, pensava ser mas não era, mas estava no caminho e me indicaram a Rose Pereira, Doula na época. Fui conversar com a Rose, que me recebeu de braços abertos (eu e tantas outras que se formam e a procuram, ela é nossa referência na Baixada), que deu oportunidade de “estagiar” com ela, se tornando minha fada madrinha, dividimos sala de atendimento juntas, ela foi meu start. Depois conheci a Driele Alia, obstetriz, que quando se formou também foi trabalhar no mesmo espaço que nós, a Rose deixou de atuar como Doula para ser Parteira junto com a Dri e passamos a trabalhar em muitos partos juntas. Rose e Dri e vocês tem minha eterna gratidão! Até que plim... engravidei!!! Me lembro que tinha brigado com o Cezar, dormimos em quarto separado, acordei e fui fazer o teste de farmácia, deu positivo, acordei o Cezar no susto, enfiando o teste no olho dele e perguntando se ele também enxergava dois risquinhos! (risos). No mesmo dia já escrevi pra Rose e pra Driele contando a novidade e assegurando minha equipe de PD!!! (risos).


Me consultava com x mesmx médicx, pois nesses anos elx também evoluiu, mas eu queria fazer tudo diferente dessa vez, portanto x médicx também deveria ser diferente, e mudei de médicx, coincidentemente na mesma fase gestacional que mudei na gestação do Enrico (vi esses dias olhando as carteirinhas), eu já conhecia o Gilberto Mello (já havíamos trabalhado juntos) e decidi que ia mudar e me consultar com ele, esperei o SIAPARTO para conversar com ele e mudei!!! Ele sempre me orientou e apoiou! E falo com muita satisfação que não passei por um exame de toque se quer durante toda a gestação!!! (risos) 
Eu já praticava Yoga antes da gestação e mantive durante toda a gestação, praticava também corrida mas durante a gestação não me sentia tão à vontade correndo por isso acho que corri apenas umas 3 ou 4 vezes grávida, mas as caminhadas, supsurf, pilates e musculação eu mantive praticamente durante toda a gestação.
Reli os livros: Quando o corpo consente e Parto Ativo, que são essenciais para o meu trabalho e foram fundamentais também para o meu parto, e também tive a oportunidade de fazer o treinamento profissional em Parto Ativo com Janet Balaskas e também me ajudou muito no meu parto. Fiz exercícios perineais, massagem e epi-no.




Nesse dia eu pensei que nunca mais ia “encher o saco” de ninguém pra fazer esse troço, depois do parto agradeci: Períneo Íntegro!!! :-)



Exatamente no dia que completei 36 semanas de gestação comecei a perder o tampão mucoso e por minha conta fiz um leve repouso para esperar completar 37 semanas, afinal eu ia curtir de fato minha gestação naquele momento, minha gestação passou muito rápido, não curti tanto quanto gostaria a barriga, passou rápido mesmo e eu amo gestar! <3 Trabalhei até 36 semanas, voou!
Comecei meu processo de despedida da barriga no sábado dia 20/09/2014, fizemos barriga de gesso, comecei a dizer à Alice que eu estava pronta, que ela podia chegar quando quisesse, meu marido também conversou com ela e Enrico sempre conversava, e me disse que queria que ela nascesse no dia 24/09 de presente de aniversário (ele nasceu dia 25/09), jantamos num restaurante mexicano, até que na madrugada de segunda para terça (23/09), com 38+5 sem, por volta das 4:30 da manhã acordei com uma cólica, e saí correndo para o banheiro pensando que estava com “piriri”, fiquei lá sentada achando que queria fazer o “número 2” e nada! (risos),voltei pra cama. Por volta de 5:30 acordei novamente com aquela cólica, corri pro banheiro e nada novamente! Mas dessa vez enquanto eu estava sentada senti a tal cólica acordada, então percebi que não era cólica intestinal, era uma sensação mista de cólica intestinal com cólica menstrual e a barriga ficou dura por todo tempo que senti a cólica e entendi: eram as contrações. Fui me limpar e havia sangue, sangue vivo, e Nesse momento fui tomada por uma emoção muito forte, um misto de felicidade, alegria com um pouco de medo, medo do desconhecido. Eu sabia que poderia passar simplesmente ou poderia apertar mais e por isso decidi tentar dormir mais um pouco. O Cezar acordou e perguntou se estava tudo bem e eu disse que estava começando, que as contrações haviam começado e que a Alice logo logo chegaria!
Por volta das 7 horas, acordei com mais contrações, doloridas, elas estavam ficando mais intensas porém sem ritmo, meus pródomos já começaram doloridos, entrei no chuveiro umas 7:30 e fiquei uns 20 minutos, elas não espaçavam e nem ritmavam. Pedi ao Cezar para não ir trabalhar de manhã pois eu achava que estava ritmando...

Entre 9/9:30 fomos todos caminhar na praia, tomar um banho de mar, jogamos bola com o Enrico, fiz uma prática suave, me concentrei, meditei, aterrei, conectei, pedi, agradeci...









Mas as contrações espaçaram, voltamos pra casa, almoçamos... Enrico foi pra escola, Cezar foi trabalhar e eu consegui dormir por duas, talvez três horas. Quando acordei, escrevi e depois que leu o Cezar completou...




A noite minhas queridas amigas e parteiras vieram ver como eu estava, eu pedi que a Rose me examinasse e eu estava apenas com “um dedo” de dilatação, ela também fez um relaxamento comigo e me aconselhou: “Seria bom dar uma namorada para ajudar a relaxar esse colo...” e eu: “ah tah, com essa dor não vai rolar...” e também me disse para descansar, talvez se eu tivesse tentado dormir logo após o relaxamento conseguiria mas ainda fui jantar, minha mãe fez chamada de vídeo e eu atendi com contração e óbvio que ela percebeu... Eu não quis falar nada para ninguém pois poderia demorar muito ainda... E então fui tentar dormir e já não consegui mais, cochilava e acordava aos sustos com a dor, a cólica que assim como uma onda vinha e ia... O Cezar encheu a piscina e entrou comigo para que eu relaxasse, e nos braços dele eu consegui cochilar um pouco, até que decidi sair, tomar um banho para tentar dormir mesmo. 






Tomei banho mas dormir que é bom, nada! E então ele se lembrou do conselho da Rose e ainda me disse: “Ué, você manda todo mundo namorar e no seu trabalho de parto você não vai...”, eu alertei: “pode ser que você tome um chute!”, rimos... E sim, como ajudou o colo a relaxar, a partir daí não consegui nem cochilar mais, a dor apertou. O Cezar foi dormir e eu fiquei na piscina, no chuveiro, até que por volta das 6:30/7:00h do dia 24 (já haviam se passado 24 horas) eu pedi ao Cezar pra ligar para as meninas pois o “bicho estava pegando”. Elas chegaram por volta das 8h e eu estava na piscina novamente, pedi que me examinassem pois aquilo tudo já estava me cansando, e estava com “7 de dilatação”, todos ficaram felizes, menos eu que disse: “só”. 






Então a Rose me lembrou das corridas, que nos 7K eu sempre dou um “gás” pra acabar logo, mas eu estava muito cansada e não consegui dar esse gás todo não, foi o que eu pensei no dia, hoje lembrando sei que dei um gás sim! Foi um trabalho de parto totalmente ativo, saí da piscina e não quis mais entrar pois não encontrava posição confortável, a melhor posição era de quatro apoios quase deitada no chão embaixo do chuveiro, porém com o calor eu precisava sair de tempos em tempos, andava pela casa, comia, vergonha do número 2? , nem tenho mais, perdi as contas de quantas vezes eu fiz na frente deles, agachava, levantava, rebolava, subimos e descemos escada (detalhe: em cada degrau que subia eu tinha que balançar o quadril, sugestão da Rose, viram porque eu sou terrível meninas, aprendi com minha mestra! risos), balançava com o rebozo, bola, banqueta, enfim, me movimentei o tempo todo! Pedi a todos juntos, pedi para cada um em separado para me levarem pro hospital, mas ainda bem que ninguém me ouviu, eu estava muito cansada, era o cansaço que estava acabando comigo. De repente eu desisti de tentar parar a cãimbra na bunda infernal e desisti de tentar parar a dor, me entreguei pra ela, eu achei que não tivesse conhecido a partolândia (comentei isso com o Cezar e ele disse: “conheceu sim, chegou lá e passou até, porque eu olhava pra você e seus olhos viravam, você estava com uma cara de chapada...doidona...” e riu!), pois é nesse momento eu estava entrando na partolândia, não havia mais dor, havia mas não me incomodava mais, as pessoas haviam sumido, eu sabia que estavam ali, eu ouvia vozes, mas estava tudo preto, eu fechava os olhos e dormia entre as contrações com a cabeça sobre meu pesinho de camomila, o Cezar e a Rose me secavam com uma toalha de cor lilás muito especial de um retiro que fizemos, onde o Cezar escreveu PAZ, nas massagens o Cezar usou um óleo preparado por nós também nesse retiro, eu me comunicava com todos mas era como se não houvesse ninguém ali e ao mesmo tempo como se tivesse muito mais pessoas passando pela casa, foi uma transformação espiritual muito forte para mim... Nessa hora o Gayatri Mantra não saía mais da minha cabeça, eu ficava entoando-o mentalmente e gemia e empurrava, era uma vontade muito forte de empurrar (como se quisesse fazer o número dois) e não parava e não passava, era respirar, tomar fôlego e empurrar... Percebi uma mudança nas posições, era o Cezar que ia amparar Alice e de repente ouvi o Cezar chorar muito e a Dri assumiu a posição dele e a Rose me fazia pressão no púbis, na hora entendi, distocia... Distocia de ombros e das grandes, eu já estava em quatro apoios no sofá, nessa hora eu só pensava em empurrar até sair e me lembrava de respirar, por mim e por ela, até que ela saiu, um pouco mais mole e roxa do que se esperava, precisou de auxílio com a “perinha” para aspirar e um pouquinho de oxigênio, e eu continuava calma, tranquila e respirando por nós duas, ela ainda estava ligada em mim através do cordão e eu respirava por nós... Graças a Deus tudo se resolveu rapidamente e tranquilamente. Me ajudaram a virar para poder pegá-la, eu a segurei nos meu braços, cheirei, beijei a cria... O cordão parou de pulsar e o Cezar o cortou, fizemos um carimbo: A árvore da vida!




Pedi ao Cezar que pegasse Alice pois eu estava cansada e queria ir da sala para o quarto, lá me deitei e coloquei Alice no seio, ela não quis mamar, mas cheirou, lambeu e adormeceu... Adormecemos, juntas!
Alice nasceu às 22:30h do dia 24/09/2014 (como seu irmão havia pedido), pesando 3.545 Kg e medindo 51cm.
PS: Foram 26 horas entre pródomos e fase latente, no total 42 horas de TP. #somostodasguerreiras


Só tenho a agradecer ao Universo, a Deus, a Deusa, Jesus Cristo, Nossa Senhora do Bom Parto, Nossa Senhora de Aparecida, Dr. Bezerra de Menezes, Dr. André Luiz, Angelina, Mentores e Guias, Shiva, Gayatri e todos Espíritos de Luz que auxiliaram e aqui estiveram. 
Cezar, não sei expressar em palavras minha gratidão, te amo! Você foi fundamental em todo esse processo, me apoiou e me deu forças, cumpriu lindamente seu papel de companheiro! Te amo ainda mais! Te admiro ainda mais! Te respeito ainda mais! Sinônimo de parceria, confiança, força! Te amo muito!
Enrico, filho, no dia fiquei bem brava com você pulando “bomba” na piscina enquanto mamãe gemia de dor, mas muito obrigada por ter ajudado como pode, jogando água e fazendo a “mágica” para a Alice chegar logo! Você é lindo! Te amo!!!!


Enrico com sua baqueta-varinha fazendo “a mágica”

E Alice, filha, você é a melhor dupla, parceira, que mamãe já teve, trabalhamos juntas e conseguimos! Você é forte, é minha fortaleza! Te amo!
Rose e Driele, minhas ídolas! Extremamente competentes! Amo e admiro ainda mais vocês duas! Dupla dinâmica! Amo vocês!




Agradeço também à Mãe Natureza por me permitir parir, assim como permitiu minha mãe, minha avó e todas as mulheres antes delas. Agradeço também a cada bebê que vi nascer e a cada mulher que vi renascer, saibam que uma parte minha renascia junto com vocês. Alice nasceu, Eu renasci, minha Família renasceu! Gratidão! Namastê!

“Confiar, Entregar, Aceitar e Agradecer”
Ellen Infante

Praia Grande, 22 de janeiro de 2015.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Relato de uma vivência na Maternidade Ana Parteira - Hospital Santo Amaro - Guarujá

Boa noite, queridxs! Algumas pessoas viram que acompanhei um parto na Maternidade Ana Parteira, no Hospital Santo Amaro - Guarujá, semana passada e me escreveram pedindo que eu contasse um pouco de como foi, então vou contar! ;-) Lembrando que o que estou escrevendo aqui foi o que vivenciei, foi a primeira vez que estive nesse hospital, enfim, é apenas o que vivenciei e minha opinião… 
Bem, demos entrada no hospital por volta de 20:30h, levei minha bola e fui entrando com ela hospital a dentro sem ninguém falar nada, ou me barrar (ufa!), enquanto esperávamos pela avaliação inicial, a parturiente ficou sentada, quicando e se exercitando na bola. Como raramente as pessoas se apresentam em hospitais, chegou uma mulher falante brincando com o fato de que a gestante levou sua própria bola, etc. que só depois descobrimos que era uma das médicas… Pediu pra que entrássemos na sala de avaliação, onde havia um médico (?/residente?) que olhou pra parturiente e disse: - Pode falar! Ela descreveu o que sentia, também havia uma outra mulher encostada na pia atrás desse homem, mas essa pelo jaleco vimos que era médica, que parecia orientar o homem, aquela médica falante do começo entrou na sala acompanhada de uma outra mulher (acredito ser uma enfermeira), e realizou ausculta do batimento cardíaco fetal (bcf), avaliou a dilatação (disse estar em 3cm), pediu a internação da parturiente e saiu. Enquanto a parturiente se levantava a médica encostada na pia, me perguntou se eu seria a acompanhante dela e eu disse que sim e aí ela disse: - Mas vc não pode ficar pq está grávida! Eu: - Como assim? Ela: - Não é permitido gestante como acompanhante? Eu: - Jura?!?! Isso é novo! Ela me olhou querendo me engolir e disse: - Isso é norma... Eu nem deixei ela terminar e disse: - É novo pra mim! Ela parou de falar e saimos da sala... Momentos de tensão, deixamos a mãe da parturiente alerta, caso eu tivesse mesmo que sair... Ok, daí estávamos subindo e fui conversando com a enf. simpática que empurrava a cadeira de rodas (a parturiente quis ir sentada na cadeira), perguntei se realmente não era permitido a acompanhante ser outra gestante e ela disse que não, que normalmente podia e que inclusive no dia anterior tinha uma gestante acompanhando outra, perguntei também se aquela era a médica responsável pelo plantão, ela disse que sim, eu disse que tentaria ficar mesmo assim, se eu não pudesse pediria a outra pessoa pra ficar e assim fomos... Entramos no quarto, já tinha uma parturiente lá, exercitamos um pouco na bola e veio a mesma médica falante pra avaliar novamente as duas parturientes do quarto, na gestante vizinha ela realizou amniotomia, realizou outro toque na parturiente que eu acompanhava, nisso entrou uma enf. (pela roupa acho que era téc. ou auxiliar) e a médica disse a ela que queria que fizessem um cardiotoco e saiu, eu perguntei pra enf. se aquela mulher era médica e ela disse sim, é a dra. A., logo tive que descer pra fazer a ficha de internação da parturiente, mas ela permaneceu na bola... Assinei os papéis e no caminho até a maternidade, li e reli diversas vezes as normas de internação da maternidade e não havia nada que impedisse uma gestante de acompanhar outra gestante, fotografei os folhas com as normas e subi, entreguei a papelada e continuamos nos exercícios, chuveiro até que o segurança pediu pra chamar a acompanhante da parturiente mas ele confundiu as parturientes, voltei pro quarto, me chamaram novamente pra ir pegar as coisas da parturiente, desci e quando voltei com as coisas, uma enf. me chamou e disse: - A dra. te desautorizou a permanecer com a paciente! Eu: - Pq? Ela: Pq vc está grávida. Eu: -E? Ela: Ah! Pq pode ser estressante... Eu: - Ah! Mas eu não ligo... Ela: Mas a dra. não autorizou! Eu: Que dra.? A que avaliou agora aqui no quarto? Mas ela não disse nada... Ela: - Não, foi a dra. que a avaliou lá embaixo, a dra. S., ela que disse que vc não pode ficar. Eu: -Ah! Então pede pra ela fazer um documento, algo escrito carimbado e assinado por ela, dizendo que eu não posso ficar aqui e por que... Ela: - Eu só estou cumprindo ordens! Eu:- Eu sei que vc só está cumprindo ordens, mas eu não vou sair se ela não me der um documento dizendo que eu não posso ficar. Ela: Tá bom, vou falar com ela, mas qualquer coisa é só vc falar que se recusa a sair. Eu: Tá bom. E voltei pro quarto... Ninguém mais voltou a incomodar e lá ficamos, bola, chuveiro, chuveiro, bola, até que a parturiente no chuveiro me disse que estava com vontade de fazer força, e eu percebia que ela estava querendo abaixar, acionei a campainha mas ninguém apareceu, passado um tempo saí e falei com uma enf. que a parturiente estava sentindo vontade de fazer força, ela me disse que já ia olhar... Ficamos mais um pouco no chuveiro e voltamos pra maca e ela ficou em quatro apoios em cima da maca, e ninguém aparecia, fui olhar pra ver se via algo e vi que a vagina estava bem abaulada e se afastando, na próxima contração vi a cabeça, corri até a porta e a mesma enf. que eu havia chamado anteriormente vinha se aproximando, eu pedi a ela, venha pq está coroando, ela chamou outra enf. e vieram as duas, quando entraram falaram: - É verdade, está nascendo!!! Pediram pra ela deitar e eu disse que não ia dar não, elas comentaram que ela tinha escolhido uma posição ruim...E nisso, elas pediram força, força cumprida, uma delas amparou o períneo, eu fiz “fórceps de parteira”, e a outra segurou a cabeça e puxou o bebê, tirou uma circular de cordão, nisso a outra chamou o médico (o homem que atendeu lá embaixo) que rapidinho apareceu, cortou o cordão, colocaram a bebê no colo da mãe, o médico tracionou a placenta e saiu do quarto. Logo levaram a bebê pra ser avaliada, enquanto eu arrumava minhas coisas, uma enf. veio fazer um medicamento, a gestante questionou o que era e a enf. respondeu que era pra contrair o útero dela, ela perguntou pq se a bebê já tinha nascido e eu complementei dizendo que a placenta também já tinha saído, aí ela foi mais específica e disse que era pra prevenir hemorragia, perguntei se era ocitocina e ela disse que sim, a parturiente aceitou e ela fez, perguntei quanto tempo pro bebê voltar pro quarto, ela disse que não demorava e realmente não demorou. Uma das enf. que prestaram assistência durante o nascimento voltou e disse pra parturiente: - Isso que aconteceu foi um parto humanizado, isso é um parto humanizado. Quando a mãe escolhe a posição e a hora que o bebê vai nascer. Nisso eu brinquei com a parturiente, falei pra ela então agora pode contar que eu sou sua doula, ela falou pra enf, que ficou me olhando com uma cara surpresa e aí brinquei com ela também, falei: Agora sim, eu vou embora! :-) (ela que tinha me dito que a médica não permitiu que eu ficasse).
Terminei de arrumar minhas coisas, a bebê voltou pro quarto e enfim fui embora, mas deixei a mãe da parturiente junto com ela. 

Foi isso. Agora minha visão: A estrutura está realmente ótima para os padrões da baixada, tem um chuveiro em cada quarto, com bancos fixos na parede pra sentar embaixo d’água, nós levamos bola, mas eles tem bola lá (não sei quantas, mas tem), não fazem “toque tele-sena” (de hora em hora), porém do momento da entrada até o nascimento foram três horas e não houve mais nenhuma ausculta de bcf nessas três horas, vi a médica realizar amniotomia e também a vi prescrevendo ocitocina pra parturiente ao lado, mas enfim, acredito que estamos ainda Caminhando para o Parto Natural na Baixada Santista, e isso é um início e muito bom!!!

segunda-feira, 31 de março de 2014

Você conhece as recomendações da OMS para o parto?

Muitas pessoas, principalmente muitas gestantes não fazem idéia de quais são as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) para o parto e nascimento, hoje decidi falar um pouco sobre isso...
Durante o pré-natal:
  • Deve-se respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto e deve-se fornecer assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir confiante e segura;
  • Deve-se incentivar o plano de parto individual.
Na admissão:
  • NÃO se deve fazer o uso rotineiro de enema (lavagem intestinal);
  • NÃO se deve fazer o uso rotineiro de tricotomia (raspagem dos pêlos púbicos).
Durante o trabalho de parto e parto É RECOMENDADO:
  • Monitorização do bem-estar físico e emocional da mulher;
  • Oferecer líquidos por via oral;
  • Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante (LEI Nº 11.108 - DE 7 DE ABRIL DE 2005);
  • Utilizar métodos não-farmacológicos de alívio da dor como massagem e técnicas de relaxamento;
  • Fazer monitorização fetal com ausculta INTERMITENTE;
  • Estimular posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto;
  • Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho de parto, por exemplo pelo uso do partograma da OMS.
Partograma
Durante o trabalho de parto e parto NÃO É RECOMENDADO:
  • NÃO é recomendada a inserção rotineira de cânula intravenosa;
  • NÃO é recomendada a administração de ocitócicos sem monitorização;
  • NÃO é recomendado o uso rotineiro da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto;


Durante o trabalho de parto e parto deve ser usado COM INDICAÇÃO CLARA:
  • Uso de amniotomia precoce (romper a bolsa d’água);
  • Restrição de comida e líquidos;
  • Controle da dor através de analgesia peridural;
  • Monitoramento eletrônico fetal contínuo;
  • Exames vaginais freqüentes e repetidos especialmente por mais de um prestador de serviços;
  • Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina.
No parto os procedimentos RECOMENDADOS são:
  • Respeitar o direito da mulher quanto à privacidade no local de parto;
  • Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto;
  • Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação da placenta;
  • Liberdade de movimento e posição durante o trabalho do parto. 
No parto NÃO se deve utilizar:
  • Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo;
  • Massagens ou distensão do períneo durante o parto.
No parto deve ser usado COM INDICAÇÃO CLARA:
  • Transferência da parturiente para outra sala no segundo estágio do trabalho de parto;
  • Pressão no fundo uterino (manobra de Kristeller);
  • Manobras de proteção ao períneo e ao manejo do polo cefálico;
  • Estímular o puxo com dilatação completa antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário;
  • Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto;
  • Episiotomia;
  • Cesariana.
No pós parto são procedimentos RECOMENDADOS:
  • Ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto;
  • Esterilizar o corte do cordão;
  • Prevenir hipotermia do bebê;
  • Promover contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto;
  • Examinar rotineiramente a placenta e as membranas;
  • Clampeamento não-precoce do cordão.
Amamentação
Se você quer o melhor para seu bebê e para você, informe-se e empodere-se!!! 

sexta-feira, 28 de março de 2014

Esperando o Segundo!!!

Bom dia! Para quem ainda não sabe estou grávida novamente!!! Muito feliz! Muito mesmo, além da vontade de ter mais um filho, veio a possibilidade de realizar um sonho: ter um parto natural domiciliar planejado!!!
São muitas novidades hoje… Contei da gestação, contei do parto, criei um grupo no facebook: Caminhando para o parto Natural na Baixada Santista e ah! sim!!! Muitos tem acompanhado o drama que as gestantes estão passando na Baixada Santista com o fechamento do PS Obstétrico da Casa de Saúde de Santos, peço a todos que ajudem assinando a petição aqui!!!
Além de tudo isso sabemos que há tempos Santos segue na contra-mão da humanização, por isso eu, Ellen Infante (…GERANDO…) e outras mães e gestantes ativistas, Bruna Kaitzor (Louca eu?), Maria Laura (Contando dias para ter você) e a Patrícia Simões (Conversando com Bernardo) decidimos criar um blog, mantendo o nome do grupo do face: Caminhando para o parto natural e uma página também… Nos sigam, adicionem no face, estamos buscando e mostrando nossa realidade e tentando empoderar cada vez mais e mais tentantes, gestantes, mães, mulheres…. Boa leitura!!!
Um beijo grande! ;-)