segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Parto Domiciliar


Para driblar intervenções médicas, mães optam por parto domiciliar

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MELINA CARDOSO
DE SÃO PAULO
Programa TV Folha"Dolorida, mas sublime." É assim que a produtora de TV Katia Lopes, 35, define a sensação que viveu no último dia 2 de outubro --quando nasceu Sara-- em casa.
Para viver a experiência, Katia enfrentou a reprovação da família e de alguns médicos. Chegou a trocar quatro vezes de obstetra.
A certeza de que Sara nasceria em casa ocorreu quinze dias antes do parto --quando em um consulta de rotina no hospital ouviu de médicos e enfermeiros que sua filha estava em sofrimento e que deveria fazer uma cesárea de urgência.
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Katia buscou uma segunda opinião e recebeu um laudo afirmando que a bebê estava bem. "Não quis mais pisar naquele hospital", diz a mãe que temia entrar para a "estatística das cesárias desnecessárias".
O sofá e a mesa de jantar deram lugar a uma piscina plástica.
Gritos, lágrimas, socos na parede e arranhões no marido foram constantes nas quase nove horas de trabalho de parto.
"A dor é muito intensa. Não tem para onde correr. Cheguei a pensar em desistir da ideia de ter minha filha ali, mas eu lutei tanto para tê-la em casa, que decidi suportar a dor".
Sara nasceu às 8h50 na cama de seus pais, rodeada pela avó materna, duas parteiras, duas amigas e uma doula --profissional treinada para fornecer conforto emocional e físico à mulher. "Faria tudo de novo", diz a mãe 15 dias após o parto.
Patrícia Mulinari/Arquivo pessoal
Katia ao lado do marido Ayrton e da mãe Cleusa minutos após o nascimento de Sara, na cama do casal
Katia ao lado do marido Ayrton e da mãe Cleusa minutos após o nascimento de Sara, na cama do casal
PARTO HUMANIZADO
O nascimento em casa é uma das formas de humanizar o parto. As mães evitam intervenções médicas rotineiras nos hospitais como anestesias, ocitocina (hormônio estimulante ligado a contrações musculares), episiotomia (corte cirúrgico feito no períneo, região muscular que fica entre a vagina e o ânus), além de jejum prolongado, lavagem intestinal e raspagem de pelos.
Tatiana Wexler/Divulgação
Marcelly, o marido André e a filha Olívia após o nascimento de Inácio em casa
Marcelly, o marido André e a filha Olívia após o nascimento de Inácio, em casa
"O parto é um evento fisiológico onde a mulher é a protagonista, não o médico. Ela diz quais posições são mais confortáveis. Ela decide se quer deitar, andar ou comer", explica Jorge Kuhn, ginecologista e obstetra, defensor do parto humanizado.
O especialista lembra que há muitas mães que sequer cogitam a possibilidade de sentir a dor de parto por medo. "Não é uma dor como a de dente que significa que algo está errado. A dor durante o trabalho de parto é necessária para que a mãe elabore hormônios que ajudarão no nascimento do bebê".
"Após o parto, fiquei no meu quarto, usei o meu banheiro, dormi com minha filha na minha cama", conta a atriz Talitha Pereira, 29, que deu luz à Lis, em setembro de 2008, em casa.
A professora de Educação Física Marcelly Ribeiro, 32, também optou ficar em casa no nascimento de Olívia, 3, e Inácio, 2 meses.
"É assustador para muitas mulheres perder o controle da situação. Durante o parto, você não consegue 'manter a pose'. Grita, chora, é irracional. Mas [os dois partos domiciliares] foram as maiores experiências de autoconhecimento pelas quais passei. É incrível ver a natureza trabalhando", conta.
Todas as mães ouvidas pela reportagem afirmaram que a recuperação após o parto foi rápida.
RISCOS
O parto domiciliar só é permitido nos casos em que a gravidez é de baixo risco e não há nenhum fator complicador para o parto vaginal.
O procedimento exige a disponibilidade de enfermeiras-obstetras ou parteiras domiciliares certificadas, além da garantia de transporte rápido e seguro para um hospital próximo em caso de problemas --o chamado de "plano b".
Arquivo pessoal
A obstetra Cátia Chuba examina Talitha Pereira horas antes do nascimento de Lis
A obstetra Cátia Chuba examina Talitha Pereira horas antes do nascimento de Lis
"Não é pelo fato de estar no hospital que significará que o bebê ou mãe serão salvos, mas estar ali facilitaria a ação do médico no caso de alguma complicação", diz Silvana Morandini, conselheira do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Em junho de 2011, o órgão publicou um edital desaconselhando médicos a realizarem o procedimento em casa.
Segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), as complicações ocorrem em 15% dos partos vaginais. Entre os problemas listados estão o sofrimento fetal, atonia uterina (quando o útero não contrai após o parto e pode gerar uma hemorragia), deslocamento de placenta e laceração vaginal.
No Brasil, não há levantamentos no Ministério da Saúde sobre o número de óbitos de mães ou bebês em partos domiciliares.
Também não há no país um estudo conclusivo sobre esse tipo de nascimento e nem amostragem suficiente para que se possa afirmar a segurança do procedimento.
"Fico chocado quando vejo uma mulher tendo o filho em casa. Falam sobre os nascimentos do passado --em casa, com parteiras-- para justificar a ação, mas se esquecem de dizer quantas mães e bebês morreriam naquela época", aponta Drauzio Varella, médico e colunista da Folha.
"Fiquei o tempo todo ao lado da Katia [mãe acompanhada pela reportagem]", afirma a professora do curso de Obstetrícia da USP (Universidade de São Paulo) Adriana de Souza Caroci. "Desde os dois centímetros de dilatação até o nascimento. Eu perceberia se ocorresse alguma coisa errada com a mãe ou com a bebê", diz a parteira.
EM NÚMEROS
Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2010 foram realizados 26.047 partos domiciliares. O número significa 0,9% dos 2.859.600 partos realizados no país.
Desse total, 52,2% foram cesarianas e 47,8% partos normais.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera aceitável um índice de até 15% de cesáreas.
Ainda segundo o Ministério, a incidência de morte materna associada à cesariana é 3,5 vezes maior do que no método natural.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1187425-para-driblar-intervencoes-medicas-maes-optam-por-parto-domiciliar.shtml

ANS julgará taxa para médico acompanhar parto normal


Fonte: Atribuna.com.br

Saúde

ANS julgará taxa para médico acompanhar parto normal

Estadão Conteúdo

Considerada um direito pelos médicos, um abuso pelos advogados e uma violência por algumas gestantes, a exigência de uma "taxa extra" por obstetras de planos de saúde para acompanhar o parto normal será julgada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A prática, que até agora permanecia na "informalidade", deverá ser discutida na próxima reunião da diretoria.

Entre os documentos analisados está o parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM), encomendado pela própria agência. Para o colegiado, a prática não fere a ética, traz uma alternativa para a baixa remuneração oferecida pelos planos de saúde e poderia ajudar o País a reduzir o número de cesarianas. Em 2011, 83% dos nascimentos feitos na assistência suplementar foram por meio de cesáreas.

Mulheres que gostariam de experimentar o parto normal hoje se queixam que o tipo de parto é definido pelo bolso e não pelas suas condições de saúde. Quando podem pagar a mais, o médico do plano se "dispõe" a acompanhar o parto natural. Se não têm dinheiro, a cesárea é marcada já nas primeiras consultas do pré-natal. Não importa a idade da paciente, se já teve filhos ou se ela reúne condições que permitem o parto normal.

"Eles argumentam que com cesárea tudo pode ser programado. Não perdem o fim de semana, não precisam desmarcar consultas de consultório nem ficar horas esperando um parto apenas", relata a chefe de cozinha Bruna Trieto.

Mãe de dois filhos - ambos por parto normal -, ela conta que preferiu não correr risco. "Procurei um profissional de confiança. A impressão que tenho é de que muitos médicos até dizem que fazem o parto normal, mas quando chega a hora arrumam qualquer desculpa para logo indicar a cesárea."

O parecer do CFM determina que o acordo por escrito entre gestante e médico seja feito ainda na primeira consulta. O trato garantiria à gestante o direito de ser acompanhada das primeiras contrações até o nascimento. Segundo o secretário do CFM, Gerson Zafalon, operadoras não pagam pelo acompanhamento, apenas pelo parto. Ele argumenta ainda que o valor extra poderia ser, num segundo momento, reembolsado pelas empresas de saúde. A proposta no entanto, é criticada por sociedades estaduais.

"Impossível separar o acompanhamento do parto. É uma coisa só", afirma o presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp), Cesar Eduardo Fernandes. Ele defende, no entanto, a criação de uma alternativa para os baixos rendimentos do médico. "O obstetra é como um profissional qualquer: não pode trabalhar de graça. Se a paciente quer que seu médico faça o parto, pela sua disponibilidade, isso precisa ser ressarcido."

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

...Parto Normal está no meu plano...




»
»Conselho Federal
de Medicina (CFM)
»Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)
»Sociedade Brasileira
de Pediatria (SBP)


Confira evidências científicas sobre as práticas utilizadas no parto normal
O Ministério da Saúde, com a participação da Febrasgo e da ABENFO publicou uma classificação das práticas durante o parto normal com as melhores evidências disponíveis. A ANS recomenda que essa classificação seja usada como referência, sujeita a revisões críticas periódicas, considerando o acompanhamento de novas evidências.
(fonte: Parto, Aborto e Puerpério: Assistência Humanizada à Mulher – Ministério da Saúde, Febrasgo e ABENFO – Brasília, DF, 2001)

Práticas no parto normal demonstradamente úteis e que devem ser
Estimuladas
» Planejamento individual determinando onde e por quem o parto
será realizado.
» Avaliação de risco durante o pré-natal, reavaliado a cada contato e no momento do trabalho de parto.
» Monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher durante o trabalho de parto.
» Oferecimento de líquido por via oral durante o trabalho de parto.
» Respeito à escolha da mulher sobre o local do parto.
» Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for seguro.
» Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.
» Apoio emocional pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto.
» Respeito à escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto.
» Fornecimento às mulheres de todas as informações e explicações que desejarem.
» Métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor, como massagens e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto.
» Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente e vigilância das contrações uterinas por palpação abdominal.
» Uso de materiais descartáveis e descontaminação adequada de reutilizáveis.
» Uso de luvas no exame vaginal, no parto e no manuseio da placenta.
» Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto.
» Estímulo a posições não supinas durante o trabalho de parto.
» Monitoramento cuidadoso do progresso do trabalho de parto, uso do partograma.
» Administração profilática de ocitocina no terceiro estágio do parto em mulheres com risco de hemorragia pós-parto.
» Condições estéreis ao cortar o cordão.
» Prevenção da hipotermia do bebe.
» Prevenção da hemorragia neonatal com o uso do vitamina K.
» Prevenção da oftalmia gonocócica com o uso de nitrato de prata ou tetraciclina.
» Contato cutâneo direto, precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na primeira hora após o parto.
» Alojamento conjunto.
» Suprimir a lactação em mães portadoras de HIV.
» Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares.
» Uso rotineiro de ocitocina, tração controlada do cordão, ou sua combinação, durante o terceiro estágio do parto.

Práticas no parto normal claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas
» Uso rotineiro do enema.
» Uso rotineiro da tricotomia.
» Infusão intravenosa de rotina no trabalho de parto.
» Cateterização venosa profilática de rotina.
» Uso rotineiro da posição supina durante o trabalho de parto.
» Exame retal.
» Uso de pelvimetria por raios X.
» Administração de ocitócicos antes do parto de um modo que não se permita controlar seus efeitos.
» Uso rotineiro da posição de litotomia.
» Esforços de puxos prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o segundo estágio do trabalho de parto.
» Massagem e distensão do períneo durante o segundo estágio do trabalho de parto.
» Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estágio do trabalho de parto com o objetivo de evitar hemorragia.
» Uso rotineiro de ergometrina por via parenteral no terceiro estágio do trabalho de parto.
» Lavagem uterina rotineira após o parto.
» Revisão (exploração manual) rotineira do útero após o parto.
» Uso liberal ou rotineiro da episiotomia.
» Toques vaginais freqüentes e por mais de um examinador.
» Manobra de Kristeller ou similar, com pressões inadequadamente
aplicadas ao fundo uterino no período expulsivo.
» Prática liberal de cesariana.
» Aspiração nasofaríngea de rotina em recém-nascidos normais
» Manutenção artificial de ar frio na sala de parto durante o nascimento.
 
Práticas no parto normal em que não existem evidências para apoiar sua recomendação e devem ser utilizadas com cautela até que novas pesquisas esclareçam a questão
» Métodos não farmacológicos de alívio da dor durante o trabalho de parto, ervas, imersão em água e estimulação de nervos.
» Pressão no fundo uterino durante o período expulsivo.
» Manobras relacionadas à proteção ao períneo e do polo cefálico no momento do parto.
» Manipulação ativa do feto no momento do parto.
» Clampeamento precoce do cordão umbilical.
» Estimulação do mamilo para aumentar a contratilidade uterina durante o terceiro estágio do parto.

Práticas no parto normal freqüentemente utilizadas de modo inadequado
» Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto.
» Controle da dor por agentes sistêmicos.
» Controle do dor por analgesia peridural.
» Monitoramento eletrônico fetal.
» Uso de máscara e aventais estéreis durante a assistência ao trabalho de parto.
» Exames vaginais repetidos ou freqüentes, especialmente por mais de um prestador de serviço.
» Correção do dinâmica uterina com a utilização de ocitocina.
» Amniotomia precoce de rotina no primeiro estágio do parto.
» Transferência rotineira do parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto.
» Caracterização do bexiga.
» Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa, antes que a própria mulher sinta o puxo.
» Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, se as condições da mãe e do feto forem boas e se houver progressão do trabalho de parto.
» Parto operatório.
» Exploração manual do útero após o parto.
»Práticas no parto normal demonstradamente úteis e que devem ser
Estimuladas
»Práticas no parto normal claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas
»Práticas no parto normal em que não existem evidências para apoiar
sua recomendação e devem ser utilizadas com cautela até que novas
pesquisas esclareçam a questão
»Práticas no parto normal freqüentemente utilizadas de modo inadequado