segunda-feira, 30 de junho de 2014

Relato de uma vivência na Maternidade Ana Parteira - Hospital Santo Amaro - Guarujá

Boa noite, queridxs! Algumas pessoas viram que acompanhei um parto na Maternidade Ana Parteira, no Hospital Santo Amaro - Guarujá, semana passada e me escreveram pedindo que eu contasse um pouco de como foi, então vou contar! ;-) Lembrando que o que estou escrevendo aqui foi o que vivenciei, foi a primeira vez que estive nesse hospital, enfim, é apenas o que vivenciei e minha opinião… 
Bem, demos entrada no hospital por volta de 20:30h, levei minha bola e fui entrando com ela hospital a dentro sem ninguém falar nada, ou me barrar (ufa!), enquanto esperávamos pela avaliação inicial, a parturiente ficou sentada, quicando e se exercitando na bola. Como raramente as pessoas se apresentam em hospitais, chegou uma mulher falante brincando com o fato de que a gestante levou sua própria bola, etc. que só depois descobrimos que era uma das médicas… Pediu pra que entrássemos na sala de avaliação, onde havia um médico (?/residente?) que olhou pra parturiente e disse: - Pode falar! Ela descreveu o que sentia, também havia uma outra mulher encostada na pia atrás desse homem, mas essa pelo jaleco vimos que era médica, que parecia orientar o homem, aquela médica falante do começo entrou na sala acompanhada de uma outra mulher (acredito ser uma enfermeira), e realizou ausculta do batimento cardíaco fetal (bcf), avaliou a dilatação (disse estar em 3cm), pediu a internação da parturiente e saiu. Enquanto a parturiente se levantava a médica encostada na pia, me perguntou se eu seria a acompanhante dela e eu disse que sim e aí ela disse: - Mas vc não pode ficar pq está grávida! Eu: - Como assim? Ela: - Não é permitido gestante como acompanhante? Eu: - Jura?!?! Isso é novo! Ela me olhou querendo me engolir e disse: - Isso é norma... Eu nem deixei ela terminar e disse: - É novo pra mim! Ela parou de falar e saimos da sala... Momentos de tensão, deixamos a mãe da parturiente alerta, caso eu tivesse mesmo que sair... Ok, daí estávamos subindo e fui conversando com a enf. simpática que empurrava a cadeira de rodas (a parturiente quis ir sentada na cadeira), perguntei se realmente não era permitido a acompanhante ser outra gestante e ela disse que não, que normalmente podia e que inclusive no dia anterior tinha uma gestante acompanhando outra, perguntei também se aquela era a médica responsável pelo plantão, ela disse que sim, eu disse que tentaria ficar mesmo assim, se eu não pudesse pediria a outra pessoa pra ficar e assim fomos... Entramos no quarto, já tinha uma parturiente lá, exercitamos um pouco na bola e veio a mesma médica falante pra avaliar novamente as duas parturientes do quarto, na gestante vizinha ela realizou amniotomia, realizou outro toque na parturiente que eu acompanhava, nisso entrou uma enf. (pela roupa acho que era téc. ou auxiliar) e a médica disse a ela que queria que fizessem um cardiotoco e saiu, eu perguntei pra enf. se aquela mulher era médica e ela disse sim, é a dra. A., logo tive que descer pra fazer a ficha de internação da parturiente, mas ela permaneceu na bola... Assinei os papéis e no caminho até a maternidade, li e reli diversas vezes as normas de internação da maternidade e não havia nada que impedisse uma gestante de acompanhar outra gestante, fotografei os folhas com as normas e subi, entreguei a papelada e continuamos nos exercícios, chuveiro até que o segurança pediu pra chamar a acompanhante da parturiente mas ele confundiu as parturientes, voltei pro quarto, me chamaram novamente pra ir pegar as coisas da parturiente, desci e quando voltei com as coisas, uma enf. me chamou e disse: - A dra. te desautorizou a permanecer com a paciente! Eu: - Pq? Ela: Pq vc está grávida. Eu: -E? Ela: Ah! Pq pode ser estressante... Eu: - Ah! Mas eu não ligo... Ela: Mas a dra. não autorizou! Eu: Que dra.? A que avaliou agora aqui no quarto? Mas ela não disse nada... Ela: - Não, foi a dra. que a avaliou lá embaixo, a dra. S., ela que disse que vc não pode ficar. Eu: -Ah! Então pede pra ela fazer um documento, algo escrito carimbado e assinado por ela, dizendo que eu não posso ficar aqui e por que... Ela: - Eu só estou cumprindo ordens! Eu:- Eu sei que vc só está cumprindo ordens, mas eu não vou sair se ela não me der um documento dizendo que eu não posso ficar. Ela: Tá bom, vou falar com ela, mas qualquer coisa é só vc falar que se recusa a sair. Eu: Tá bom. E voltei pro quarto... Ninguém mais voltou a incomodar e lá ficamos, bola, chuveiro, chuveiro, bola, até que a parturiente no chuveiro me disse que estava com vontade de fazer força, e eu percebia que ela estava querendo abaixar, acionei a campainha mas ninguém apareceu, passado um tempo saí e falei com uma enf. que a parturiente estava sentindo vontade de fazer força, ela me disse que já ia olhar... Ficamos mais um pouco no chuveiro e voltamos pra maca e ela ficou em quatro apoios em cima da maca, e ninguém aparecia, fui olhar pra ver se via algo e vi que a vagina estava bem abaulada e se afastando, na próxima contração vi a cabeça, corri até a porta e a mesma enf. que eu havia chamado anteriormente vinha se aproximando, eu pedi a ela, venha pq está coroando, ela chamou outra enf. e vieram as duas, quando entraram falaram: - É verdade, está nascendo!!! Pediram pra ela deitar e eu disse que não ia dar não, elas comentaram que ela tinha escolhido uma posição ruim...E nisso, elas pediram força, força cumprida, uma delas amparou o períneo, eu fiz “fórceps de parteira”, e a outra segurou a cabeça e puxou o bebê, tirou uma circular de cordão, nisso a outra chamou o médico (o homem que atendeu lá embaixo) que rapidinho apareceu, cortou o cordão, colocaram a bebê no colo da mãe, o médico tracionou a placenta e saiu do quarto. Logo levaram a bebê pra ser avaliada, enquanto eu arrumava minhas coisas, uma enf. veio fazer um medicamento, a gestante questionou o que era e a enf. respondeu que era pra contrair o útero dela, ela perguntou pq se a bebê já tinha nascido e eu complementei dizendo que a placenta também já tinha saído, aí ela foi mais específica e disse que era pra prevenir hemorragia, perguntei se era ocitocina e ela disse que sim, a parturiente aceitou e ela fez, perguntei quanto tempo pro bebê voltar pro quarto, ela disse que não demorava e realmente não demorou. Uma das enf. que prestaram assistência durante o nascimento voltou e disse pra parturiente: - Isso que aconteceu foi um parto humanizado, isso é um parto humanizado. Quando a mãe escolhe a posição e a hora que o bebê vai nascer. Nisso eu brinquei com a parturiente, falei pra ela então agora pode contar que eu sou sua doula, ela falou pra enf, que ficou me olhando com uma cara surpresa e aí brinquei com ela também, falei: Agora sim, eu vou embora! :-) (ela que tinha me dito que a médica não permitiu que eu ficasse).
Terminei de arrumar minhas coisas, a bebê voltou pro quarto e enfim fui embora, mas deixei a mãe da parturiente junto com ela. 

Foi isso. Agora minha visão: A estrutura está realmente ótima para os padrões da baixada, tem um chuveiro em cada quarto, com bancos fixos na parede pra sentar embaixo d’água, nós levamos bola, mas eles tem bola lá (não sei quantas, mas tem), não fazem “toque tele-sena” (de hora em hora), porém do momento da entrada até o nascimento foram três horas e não houve mais nenhuma ausculta de bcf nessas três horas, vi a médica realizar amniotomia e também a vi prescrevendo ocitocina pra parturiente ao lado, mas enfim, acredito que estamos ainda Caminhando para o Parto Natural na Baixada Santista, e isso é um início e muito bom!!!

4 comentários:

  1. A menos de um mês atras fui visitar a Maternidade Ana Parteira.
    Eles me mostraram a sala com banheira e falaram das bolas suiças.
    Mas incrivelmente não tinha nenhuma paciente fazendo o uso de nada... O que achei estranho.
    Fiquei indignada com a notícia de que meu marido não poderia ser meu acompanhante mesmo sendo Lei que a Parturiente é que deve fazer a escolha de seu acompanhante, quem ela quiser...
    Também não gostei de saber que eles não fornecem acesso da parturiente à Epidural no parto normal, mesmo sendo Lei também o acesso... Não que eu super queira a anestesia, mas queria a garantia de que poderia fazer o uso se eu quisesse. Se eu achasse que não ia aguentar mais.

    Não achei nada humanizado eles me proibirem de estar com meu marido na hora em que eu mais me sinto necessitada de ter o apoio dele pra me sentir segura. Não tem nenhuma outra pessoa que eu queira comigo. Nem mãe, nem sogra, nem cunhada... Ninguém. Quero ele...
    Estou muito desapontada com a Maternidade Ana Parteira. Espero que esse sentimento não prevaleça depois do parto...

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    1. Desculpe a demora Rafaela! Estive ausente do blog e não sei porque raios não recebi as notificações de mensagens... Você já teve bebê? Realmente as coisas são complicadas lá, e tive apenas uma experiência lá...

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  2. Recomenda o parto nesta maternidade?
    É realmente humanizado?
    Não ha descaso e insensíbilidade por parte dos profissionais?

    Obrigado

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  3. Rafael, eu tive apenas essa experiência nessa maternidade, não acompanhei outros partos lá, não observei descaso e sim falta de um preparo e/ou prática em atenção humanizada, mas se a gestante estiver bem informada, empoderada e puder contar com o auxílio de uma doula, consegue sim um belo parto natural. Humanizado ainda depende muito do plantão. Falta a prática em humanização do parto e nascimento.

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