quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Relato de parto: VBAC Domiciliar



Meu relato, não é apenas um relato... talvez seja um duplo relato! Apesar de que ninguém faz relato de cesárea, ainda mais desnecessária, mas não vejo outra maneira de relatar meu tão sonhado VBAC sem falar da letra C... ou melhor, D... Desnecesárea...

Sempre quis ser mãe, sempre quis ter um parto normal, mas para mim, há quatro anos atrás (2010), quando engravidei do meu primeiro filho, Enrico, bastava apenas querer ter um parto normal para consegui-lo. Engano meu...
Eu tinha x G.O. desde os 17 anos e quando engravidei, aos 25 anos (ele nasceu eu tinha 26, só por curiosidade!rs) comecei meu pré-natal com essx mesmx G.O.. Já nas primeiras consultas eu disse que queria um parto normal, ingênua e desinformada, numa conversa perguntei se estava tudo bem pois queria parto normal e se era possível, óbvio que a resposta foi: “Por enquanto sim, mas vamos ver mais pra frente...”  Mais pra frente eu tive dengue (detalhe: elx nunca me deu o celular delx), liguei no consultório e não consegui falar com elx (talvez por opção delx), fui no PS da Casa de Saúde e ali me enjuriei, pensei: “Poxa, se eu tive dengue (algo grave) e elx não deu a mínima, vou mudar de médicx!” Daí corre procurar no livrinho do convênio outrx  médicx, achei x com sobrenome dx mx prof.x da faculdade, vou nessx aí! (outro detalhe: achei que a secretária dx primeirx médicx fosse ligar pra saber pq não voltei, afinal fui paciente delx quase 10 anos...hahaha só eu mesma,viu...) 
Mudei prx tal médicx, adorei! Já na primeira consulta me passou o tel da casa, o celular, e-mail enfim, tudo! Perguntei sobre o parto e a resposta foi: “Claro que pode tentar normal, sou super a favor, sempre fui vaginalista”. Taí, vaginalista, outra coisa que na época não me chamou atenção, hoje chamaria... isso é conversa pra outro dia... Pré-natal legal, tudo normal, até que em determinado momento no terceiro trimestre comecei a apresentar hipertensão (pressão alta), com histórico de hipertensão familiar, fiquei preocupada, x médicx também, mesmo monitorando em casa e sabendo que ela só subia nos dias da consulta (emoção pura!) até remédio para controlar a pressão eu tomei... Hoje sei que foi puramente emocional, minha pressão sempre foi baixa, e depois do nascimento do Enrico voltou a ser... Até que veio a bomba master, eu estava ainda no convênio empresarial da minha mãe que cobria até 24 anos se estivesse estudando -Ok!, me formei, fiz 24, 25 e nada de me cortarem do convênio, fui usando e tudo certo até que veio a bomba: uma carta do convênio dizendo que eu poderia utilizá-lo até 30 de setembro e minha DPP era 08/10/2010, chorei muito quando minha mãe me mostrou a tal carta, meu mundo havia desabado. Junto com a carta vieram os comentários da própria família: “Se tiver que fazer cesárea, qual o problema?”, “Hoje em dia todo mundo faz...” e eu questionava, como assim alguém marca a data do nascimento do filho? Isso tudo pra mim era surreal, eu falava que se tivesse que ser cesárea-ok mas eu não ia marcar e sempre tinha a história da fulana que marcou e deu tudo certo, porque com a medicina moderna é assim e blá blá blá... Chorei, xinguei, esbravejei mas a culpa era de quem? Minha mesmo, né, por que raios não fui atrás de fazer uma p.... de convênio para mim... Na consulta seguinte conversamos com x médicx que teve a brilhante idéia: “Como você já tem um dedinho de dilatação pode ser que você nem apareça aqui semana que vem mas se aparecer traga o US que no sábado dia 25/09/10 nós faremos uma indução, porque se você ou o bebê precisarem de UTI você ainda tem mais cinco dias pra ficar internada lá e usar o convênio”... Já contei que trabalhei em UTI neonatal? Pois é... Era melhor contar com o convênio mesmo, né, coisas terríveis podem acontecer no parto e se precisar de uti, ai meu Deus!!! Conheço as UTI’s daqui é melhor estar com o convênio... Passada a semana, levei o US e veio a notícia, sábado de manhã você vai pra Benê que já deixo avisado que é pra fazer a indução.Naquela época, naquela situação eu acreditei de verdade que iríamos induzir e meu filho nasceria de parto normal, imaginava que ia doer pra caramba mas eu queria isso, eu queria essa dor, parto normal para mim era parto Frankstein (eu não tinha conhecimento de violência obstétrica), era parto com ocitocina sintética, episio, kristeller e os cambau... E eu estava preparada pra isso, eu queria isso, eu queria qualquer coisa menos a cesárea... E na sexta que antecedia a indução, caminhei, agachei, faxinei, namorei e no sábado de manhã dia 25/09/10 namorei denovo e nada de entrar em trabalho de parto, sendo assim, lá fui eu pra Beneficência Portuguesa de Santos, achando que faria uma indução iria sentir dores fortes mas logo estaria com meu filho nos braços, sinceramente em momento algum passou pela minha cabeça que talvez eu tivesse que fazer uma cesárea, pasmem, como eu era tonta!

Cheguei no hospital, aquela demora pra ser atendida, até o plantonista me examinou, me identificou como paciente dx médicx fulanx de tal e aí fui para o quarto onde me pediram pra colocar aquela roupinha azul “fashion” que mostra a bunda, sabe? e me colocaram a ocitocina sintética, fiquei no “sorinho” entre 4 e 5 horas, não me fez nem cócegas, por duas vezes x médicx fez toque e eles eram bem doídos (porque será, né?, talvez descolamento de membranas, talvez redução do colo, não sei, nada foi mencionado, só sei dizer que doía), no segundo exame cheguei e mentir que estava com uma leve cólica pra tentar mais um pouco, mas não rolou, me lembro exatamente da frase que elx me disse: “Olha bonequinha, não tem dilatação, você não está dilatando nada, desse jeito você vai passar a noite toda aí e seu bebê não vai nascer, daí ele pode entrar em sofrimento e vai ser muito pior, então pode levantar e vamos pro centro cirúrgico que vai ter que ser cesárea”... (Pausa para o choro... só de lembrar dói e muito!) Fui pro centro cirúrgico abraçada com uma colega téc. de enfermagem (como eu havia trabalhado lá, conhecia todos que estavam de plantão) que tentava que me acalmar e eu chorava e as pernas estavam moles, enquanto meu marido Cezar se trocava para acompanhar a cirurgia... Lembro de olhar no monitor e ver que minha pressão estava bem alta, fui anestesiada e deitada... Pedi ao Cezar pra me avisar quando fossem me cortar que eu estava com medo, ele olhou e disse que já haviam me cortado, ele foi chamado pra ver a extração do meu filho do meu ventre (às 17:25h) e eu não vi, não senti, não reconheci... (Pausa para o choro novamente...)




Enrico não chorou vigorosamente, percebi um engasgo em seu choro, ainda sem o ver, ele foi levado pra uma sala ao lado, aspirado e aí voltaram com ele e me mostraram, foi desesperador, o pediatra ainda brincou que precisavam de uma fisio pra aspirar (que horror, só de pensar em cada bebezinho que eu aspirei na UTI me dói!), eu não estava amarrada mas estava com os braços abertos naquela maca, eu não sabia se podia pegá-lo ou não, se ele era meu mesmo... só o que fiz foi passar o rosto no rosto dele, eu estava meio grogue... Levaram-no pra longe de mim, pro berçário e eu fiquei me recuperando da anestesia, sabe onde? Num cantinho no corredor... com frio, grogue e sozinha... Me mandaram descansar, que quando eu conseguisse mexer as pernas eu iria pro quarto, mas eu só lembrava do filme Kill Bill, quando ela está dentro do carro mandando comandos verbais pro dedão do pé mexer, eu fazia exatamente a mesma coisa, afinal eu queria pegar meu filho!!! Quando finalmente mexi as pernas eles me levaram pro canto do corredor atrás da porta de vidro, pois eu tinha que conseguir erguer o quadril (puta merda, não era só mexer as pernas?!?!) meu marido e meu pai falaram comigo pelo canto da porta mas as enfermeiras pediram pra eles me deixarem descansar e pra eu parar de fazer esforço e tentar dormir pois depois não ia mais ter essa chance com um RN em casa... Que dormir o que?! Fiquei tentando erguer o quadril, vomitei, mas ergui o quadril, antes de me levarem pro quarto, apertaram minha barriga pra sair mais sangue antes de me trocarem de maca, vi estrelas... Fui pro quarto, pedi meu filho, levaram e aí começou o meu babyblues... Eu não conseguia reconhecê-lo como meu pois não tinha sentido ele sair de mim, não tinha visto ele sair de mim, eu me perguntava em silêncio: será que ele é meu mesmo? E todos muito felizes, eu estava feliz de ter meu filho nos braços, bem, porém cheia de caraminholas na cabeça, e eu assumo sim e falo abertamente da minha dificuldade de reconhecimento, foi muito duro, difícil pra mim e quando eu tentava conversar sobre isso com alguém sempre me cortavam dizendo que o que importava é que estávamos bem, que o bebê estava bem e ponto. Lembro da visita dos amigos e um casal muito querido que me marcou muito, foi a visita do Márcio e da Lilian, ele me perguntou: Mas e aí, o que aconteceu? Estourou a bolsa e vocês vieram pra cá? Eu e o Cezar respondemos em uníssono: Não, foi cesárea! O Cezar começou a explicar pro Márcio e eu comecei a chorar e a Lilian só me olhou e chorou comigo. Talvez ela não se lembre, ou não tenha entendido o porque eu chorava, mas lendo agora vai saber... Eu chorava (pausa novamente) porque tinha sido cesárea, chorava porque não tinha certeza se o filho era meu, só tinha certeza porque ele era o único menino naquele dia, chorava porque não tinha sentido ele sair, chorava porque não tinha doído, chorava por que doía na minha alma naquele momento, chorava porque não o reconhecia, eu só chorava... 
Depois que ele nasceu, decidiu tentar entender mais sobre parto normal, pesquisar mesmo, coisa que eu devia ter feito muito antes, mas enfim, cada um tem o seu tempo... Comecei minha especialização em Acupuntura, descobri os cursos de Doula e Educadora Perinatal e decidi fazer, fiz e me apaixonei! Estava decidida a ajudar mulheres a “sair da matrix”!
Os anos foram passando, minha vontade de ter mais um filho aumentando, às vezes mais por querer um parto normal do que realmente mais um filho, uma frase da Andréa no filme O Renascimento do Parto  me marcou muito, pois era justamente o que eu pensava: Não posso passar por essa vida sem ter essa experiência!!! Os anos passando e eu com aquela cesárea entalada, até que certa vez voltando de viagem com meu marido decidi chorar minha cesárea pra ele, que naquele dia ouviu minha história toda! Foi um alívio! Estava decida a ter um parto natural hospitalar, eu tinha um pouco de medo, talvez por falta de conhecimento sobre partos domiciliares... Fui conhecendo, fui atuando como doula em partos domiciliares, e decidi que era aquilo que eu queria. 
Em 2013 decidimos engravidar novamente. Dessa vez como doula, ativista, estava certa de que nada atrapalharia meu tão sonhado parto domiciliar. Quando me formei Doula pedi indicação de quem procurar na Baixada Santista, me disseram que x tal médicx não era humanizada, pensava ser mas não era, mas estava no caminho e me indicaram a Rose Pereira, Doula na época. Fui conversar com a Rose, que me recebeu de braços abertos (eu e tantas outras que se formam e a procuram, ela é nossa referência na Baixada), que deu oportunidade de “estagiar” com ela, se tornando minha fada madrinha, dividimos sala de atendimento juntas, ela foi meu start. Depois conheci a Driele Alia, obstetriz, que quando se formou também foi trabalhar no mesmo espaço que nós, a Rose deixou de atuar como Doula para ser Parteira junto com a Dri e passamos a trabalhar em muitos partos juntas. Rose e Dri e vocês tem minha eterna gratidão! Até que plim... engravidei!!! Me lembro que tinha brigado com o Cezar, dormimos em quarto separado, acordei e fui fazer o teste de farmácia, deu positivo, acordei o Cezar no susto, enfiando o teste no olho dele e perguntando se ele também enxergava dois risquinhos! (risos). No mesmo dia já escrevi pra Rose e pra Driele contando a novidade e assegurando minha equipe de PD!!! (risos).


Me consultava com x mesmx médicx, pois nesses anos elx também evoluiu, mas eu queria fazer tudo diferente dessa vez, portanto x médicx também deveria ser diferente, e mudei de médicx, coincidentemente na mesma fase gestacional que mudei na gestação do Enrico (vi esses dias olhando as carteirinhas), eu já conhecia o Gilberto Mello (já havíamos trabalhado juntos) e decidi que ia mudar e me consultar com ele, esperei o SIAPARTO para conversar com ele e mudei!!! Ele sempre me orientou e apoiou! E falo com muita satisfação que não passei por um exame de toque se quer durante toda a gestação!!! (risos) 
Eu já praticava Yoga antes da gestação e mantive durante toda a gestação, praticava também corrida mas durante a gestação não me sentia tão à vontade correndo por isso acho que corri apenas umas 3 ou 4 vezes grávida, mas as caminhadas, supsurf, pilates e musculação eu mantive praticamente durante toda a gestação.
Reli os livros: Quando o corpo consente e Parto Ativo, que são essenciais para o meu trabalho e foram fundamentais também para o meu parto, e também tive a oportunidade de fazer o treinamento profissional em Parto Ativo com Janet Balaskas e também me ajudou muito no meu parto. Fiz exercícios perineais, massagem e epi-no.




Nesse dia eu pensei que nunca mais ia “encher o saco” de ninguém pra fazer esse troço, depois do parto agradeci: Períneo Íntegro!!! :-)



Exatamente no dia que completei 36 semanas de gestação comecei a perder o tampão mucoso e por minha conta fiz um leve repouso para esperar completar 37 semanas, afinal eu ia curtir de fato minha gestação naquele momento, minha gestação passou muito rápido, não curti tanto quanto gostaria a barriga, passou rápido mesmo e eu amo gestar! <3 Trabalhei até 36 semanas, voou!
Comecei meu processo de despedida da barriga no sábado dia 20/09/2014, fizemos barriga de gesso, comecei a dizer à Alice que eu estava pronta, que ela podia chegar quando quisesse, meu marido também conversou com ela e Enrico sempre conversava, e me disse que queria que ela nascesse no dia 24/09 de presente de aniversário (ele nasceu dia 25/09), jantamos num restaurante mexicano, até que na madrugada de segunda para terça (23/09), com 38+5 sem, por volta das 4:30 da manhã acordei com uma cólica, e saí correndo para o banheiro pensando que estava com “piriri”, fiquei lá sentada achando que queria fazer o “número 2” e nada! (risos),voltei pra cama. Por volta de 5:30 acordei novamente com aquela cólica, corri pro banheiro e nada novamente! Mas dessa vez enquanto eu estava sentada senti a tal cólica acordada, então percebi que não era cólica intestinal, era uma sensação mista de cólica intestinal com cólica menstrual e a barriga ficou dura por todo tempo que senti a cólica e entendi: eram as contrações. Fui me limpar e havia sangue, sangue vivo, e Nesse momento fui tomada por uma emoção muito forte, um misto de felicidade, alegria com um pouco de medo, medo do desconhecido. Eu sabia que poderia passar simplesmente ou poderia apertar mais e por isso decidi tentar dormir mais um pouco. O Cezar acordou e perguntou se estava tudo bem e eu disse que estava começando, que as contrações haviam começado e que a Alice logo logo chegaria!
Por volta das 7 horas, acordei com mais contrações, doloridas, elas estavam ficando mais intensas porém sem ritmo, meus pródomos já começaram doloridos, entrei no chuveiro umas 7:30 e fiquei uns 20 minutos, elas não espaçavam e nem ritmavam. Pedi ao Cezar para não ir trabalhar de manhã pois eu achava que estava ritmando...

Entre 9/9:30 fomos todos caminhar na praia, tomar um banho de mar, jogamos bola com o Enrico, fiz uma prática suave, me concentrei, meditei, aterrei, conectei, pedi, agradeci...









Mas as contrações espaçaram, voltamos pra casa, almoçamos... Enrico foi pra escola, Cezar foi trabalhar e eu consegui dormir por duas, talvez três horas. Quando acordei, escrevi e depois que leu o Cezar completou...




A noite minhas queridas amigas e parteiras vieram ver como eu estava, eu pedi que a Rose me examinasse e eu estava apenas com “um dedo” de dilatação, ela também fez um relaxamento comigo e me aconselhou: “Seria bom dar uma namorada para ajudar a relaxar esse colo...” e eu: “ah tah, com essa dor não vai rolar...” e também me disse para descansar, talvez se eu tivesse tentado dormir logo após o relaxamento conseguiria mas ainda fui jantar, minha mãe fez chamada de vídeo e eu atendi com contração e óbvio que ela percebeu... Eu não quis falar nada para ninguém pois poderia demorar muito ainda... E então fui tentar dormir e já não consegui mais, cochilava e acordava aos sustos com a dor, a cólica que assim como uma onda vinha e ia... O Cezar encheu a piscina e entrou comigo para que eu relaxasse, e nos braços dele eu consegui cochilar um pouco, até que decidi sair, tomar um banho para tentar dormir mesmo. 






Tomei banho mas dormir que é bom, nada! E então ele se lembrou do conselho da Rose e ainda me disse: “Ué, você manda todo mundo namorar e no seu trabalho de parto você não vai...”, eu alertei: “pode ser que você tome um chute!”, rimos... E sim, como ajudou o colo a relaxar, a partir daí não consegui nem cochilar mais, a dor apertou. O Cezar foi dormir e eu fiquei na piscina, no chuveiro, até que por volta das 6:30/7:00h do dia 24 (já haviam se passado 24 horas) eu pedi ao Cezar pra ligar para as meninas pois o “bicho estava pegando”. Elas chegaram por volta das 8h e eu estava na piscina novamente, pedi que me examinassem pois aquilo tudo já estava me cansando, e estava com “7 de dilatação”, todos ficaram felizes, menos eu que disse: “só”. 






Então a Rose me lembrou das corridas, que nos 7K eu sempre dou um “gás” pra acabar logo, mas eu estava muito cansada e não consegui dar esse gás todo não, foi o que eu pensei no dia, hoje lembrando sei que dei um gás sim! Foi um trabalho de parto totalmente ativo, saí da piscina e não quis mais entrar pois não encontrava posição confortável, a melhor posição era de quatro apoios quase deitada no chão embaixo do chuveiro, porém com o calor eu precisava sair de tempos em tempos, andava pela casa, comia, vergonha do número 2? , nem tenho mais, perdi as contas de quantas vezes eu fiz na frente deles, agachava, levantava, rebolava, subimos e descemos escada (detalhe: em cada degrau que subia eu tinha que balançar o quadril, sugestão da Rose, viram porque eu sou terrível meninas, aprendi com minha mestra! risos), balançava com o rebozo, bola, banqueta, enfim, me movimentei o tempo todo! Pedi a todos juntos, pedi para cada um em separado para me levarem pro hospital, mas ainda bem que ninguém me ouviu, eu estava muito cansada, era o cansaço que estava acabando comigo. De repente eu desisti de tentar parar a cãimbra na bunda infernal e desisti de tentar parar a dor, me entreguei pra ela, eu achei que não tivesse conhecido a partolândia (comentei isso com o Cezar e ele disse: “conheceu sim, chegou lá e passou até, porque eu olhava pra você e seus olhos viravam, você estava com uma cara de chapada...doidona...” e riu!), pois é nesse momento eu estava entrando na partolândia, não havia mais dor, havia mas não me incomodava mais, as pessoas haviam sumido, eu sabia que estavam ali, eu ouvia vozes, mas estava tudo preto, eu fechava os olhos e dormia entre as contrações com a cabeça sobre meu pesinho de camomila, o Cezar e a Rose me secavam com uma toalha de cor lilás muito especial de um retiro que fizemos, onde o Cezar escreveu PAZ, nas massagens o Cezar usou um óleo preparado por nós também nesse retiro, eu me comunicava com todos mas era como se não houvesse ninguém ali e ao mesmo tempo como se tivesse muito mais pessoas passando pela casa, foi uma transformação espiritual muito forte para mim... Nessa hora o Gayatri Mantra não saía mais da minha cabeça, eu ficava entoando-o mentalmente e gemia e empurrava, era uma vontade muito forte de empurrar (como se quisesse fazer o número dois) e não parava e não passava, era respirar, tomar fôlego e empurrar... Percebi uma mudança nas posições, era o Cezar que ia amparar Alice e de repente ouvi o Cezar chorar muito e a Dri assumiu a posição dele e a Rose me fazia pressão no púbis, na hora entendi, distocia... Distocia de ombros e das grandes, eu já estava em quatro apoios no sofá, nessa hora eu só pensava em empurrar até sair e me lembrava de respirar, por mim e por ela, até que ela saiu, um pouco mais mole e roxa do que se esperava, precisou de auxílio com a “perinha” para aspirar e um pouquinho de oxigênio, e eu continuava calma, tranquila e respirando por nós duas, ela ainda estava ligada em mim através do cordão e eu respirava por nós... Graças a Deus tudo se resolveu rapidamente e tranquilamente. Me ajudaram a virar para poder pegá-la, eu a segurei nos meu braços, cheirei, beijei a cria... O cordão parou de pulsar e o Cezar o cortou, fizemos um carimbo: A árvore da vida!




Pedi ao Cezar que pegasse Alice pois eu estava cansada e queria ir da sala para o quarto, lá me deitei e coloquei Alice no seio, ela não quis mamar, mas cheirou, lambeu e adormeceu... Adormecemos, juntas!
Alice nasceu às 22:30h do dia 24/09/2014 (como seu irmão havia pedido), pesando 3.545 Kg e medindo 51cm.
PS: Foram 26 horas entre pródomos e fase latente, no total 42 horas de TP. #somostodasguerreiras


Só tenho a agradecer ao Universo, a Deus, a Deusa, Jesus Cristo, Nossa Senhora do Bom Parto, Nossa Senhora de Aparecida, Dr. Bezerra de Menezes, Dr. André Luiz, Angelina, Mentores e Guias, Shiva, Gayatri e todos Espíritos de Luz que auxiliaram e aqui estiveram. 
Cezar, não sei expressar em palavras minha gratidão, te amo! Você foi fundamental em todo esse processo, me apoiou e me deu forças, cumpriu lindamente seu papel de companheiro! Te amo ainda mais! Te admiro ainda mais! Te respeito ainda mais! Sinônimo de parceria, confiança, força! Te amo muito!
Enrico, filho, no dia fiquei bem brava com você pulando “bomba” na piscina enquanto mamãe gemia de dor, mas muito obrigada por ter ajudado como pode, jogando água e fazendo a “mágica” para a Alice chegar logo! Você é lindo! Te amo!!!!


Enrico com sua baqueta-varinha fazendo “a mágica”

E Alice, filha, você é a melhor dupla, parceira, que mamãe já teve, trabalhamos juntas e conseguimos! Você é forte, é minha fortaleza! Te amo!
Rose e Driele, minhas ídolas! Extremamente competentes! Amo e admiro ainda mais vocês duas! Dupla dinâmica! Amo vocês!




Agradeço também à Mãe Natureza por me permitir parir, assim como permitiu minha mãe, minha avó e todas as mulheres antes delas. Agradeço também a cada bebê que vi nascer e a cada mulher que vi renascer, saibam que uma parte minha renascia junto com vocês. Alice nasceu, Eu renasci, minha Família renasceu! Gratidão! Namastê!

“Confiar, Entregar, Aceitar e Agradecer”
Ellen Infante

Praia Grande, 22 de janeiro de 2015.

4 comentários:

  1. Hipnotizante essa história. Encantada com tanta coragem e dedicação. Parabéns!!

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  2. Oi Ellen não tinha visto que vc posto seu relato de parto até este momento. Nossa como me vi em vc em alguns momentos, estou tão feliz por vc, O Davi esta lindo, forte, criado com apego e todo apegadinhu, e o Juan então um amor, superprotetor com o irmãozinho. Ellen obrigada por tudo, por estar comigo até o fim, gratidão!

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    1. Dani, amada! "Abandonei" um pouco o blog e só li agora, sorry! Eu é que agradeço pela confiança! Vocês formam uma família lindíssima e abençoada, parabéns! Um beijo em todos! <3

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